AB NIHILO

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Refletindo sobre as intensidades, creio ter entendido que vivo como Clarice, e sonho como Frida; “aonde não há amor, não te demores”. Hoje mesmo me peguei contemplando as inércias da vida, inércia mesmo, como na física: tudo o que está parado tendo a continuar parado, e o que está em movimento tende a continuar em movimento. São as angústias, as faltas, as insatisfações que nos movem, que nos fazem avançar. Satisfação não faz ninguém sair do lugar, o papel delas é alimentar para poder continuar seguindo em frente. Sou uma eterna insatisfeita, com muito orgulho, porque isso não faz de mim uma pessoa amarga, faz de mim uma apaixonada porque os apaixonados amam o que não tem. 

Já ouvi me dizerem que minha missão na Terra é causar tumulto na vida das pessoas. Já ouvi uma outra versão (um pouco mais poética) de que na verdade eu causo revoluções. Apesar de não haverem revoluções sem tumulto, acho mais bonito pensar assim. Sou afeita as belezas.

E sou feliz por ver meus passos avançando no tempo e deixando suas marcas pelo espaço. Hoje não sou mais a mesma de ontem e espero nenhum dia ser igual a algum outro, porque mudanças – mesmo que as tema – são meu principal alimento. Temos de desmistificar o medo. Ele não é vilão de ninguém. Medo é sentimento de proteção, tememos quando temos algo a perder. Medo é bom quando não é alimentado. Medo satisfeito mata como cobra jararaca. O medo protege quando se está a frente dele, mas se ele te alcança, o medo tem o poder de bloquear, aprisiona… Tenhamos medo, mas não deixemos que ele nos domine!

Eu temo abandonos, e abandono tudo o tempo todo. Não porque não amo, amo demais. Amo tanto que só o amor me satisfaz. Só não suporto a satisfação por muito tempo. Começo a morrer lentamente quando vejo que meus passos não deixam mais marcas por onde passo apesar de o tempo continuar passando. Quero mais do que tudo que já tive! Então vou-me embora camará… Não vou para a ribeira, vou-me para terras estrangeiras, onde ainda há amor para desbravar!

Sei que morrerei de saudades do que ficará para trás, mas sei que há em mim uma força de fênix que me permite seguir. Preciso dos finais, das cinzas, do luto… preciso renascer a cada dia em mais puro desejo de uma nova vida. Não perdi a capacidade de perceber as sutilezas, só tenho uma alma egoísta demais. Quero mais, sempre mais, cada vez mais…. e é por isso que ninguém me verá por muito tempo no mesmo lugar!

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